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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

PARA REFLETIR

Moro num prédio em que de um lado há um parque muito belo e em frente uma casa com um pátio enorme, mas muito pequeno se comparado ao parque. Nesta casa tem muitos cachorros, mas somente um deles, um golden retriever,  vive solto durante todo dia. Tenho o privilégio de todos os dias, principalmente pelas manhas, durante meu café, observar o cotidiano deste cão, que entre suas atividades habituais esta fazer festa para quem chega e latir para estranhos. Porém, o que mais chama minha atenção é como ela, a cadela Bea, fica em êxtase quando passam outros cães em frente ao seu portão.  Ela os acompanha até terminar seu pátio, late, balança o rabo. Vi que uma vez alguém saiu e deixou o portão entre-aberto, a Bea não pensou duas vezes, fugiu, mas sua dona sempre atenta gritou e ela voltou com o rabo em meio as pernas, meio cambaleante entre obedecer a dona e conhecer o tão desejado parque ao lado de sua casa.
Hoje, observando a Bea, ela me passou a impressão de que gostaria de ser um daqueles cães que passeiam no parque. Passou um casal com seu cachorro recém-liberado da guia para correr solto e la foi ela, acompanhando-o do lado de dentro do portão, balançando o rabo, mas sem latir, parecendo dizer: eu queria estar ai. Nesse momento pensei “Bea, como você se engana. Todos esses cães que passeiam no parque moram em apartamentos minúsculos. Eles dormem, acordam, comem naquele apartamento, só saem quando seus donos se dispõem e assim desfrutam poucos minutos ou algumas raras horas de uma liberdade ilusória. No entanto tu Bea, mora sempre neste patio, sempre és livre, podes ir e vir sem estar presa numa guia.” Fiquei com a nítida impressão de que a Bea pensava como o pátio dela era pequeno, comparado ao pátio do parque onde os outros cães brincavam. O fato é que ela só conhece esse lado da história, cachorros tão grandes como ela, num pátio bem maior que o dela. O lado em que esses mesmos cães ficam em apartamentos, ela não conhece.
Muitas vezes, em nossas vidas fazemos esse mesmo raciocínio. Achamos a nossa situação não esta tão boa quanto a dos outros ou que o nosso “patio” não é tão grande como pensamos que seja o dos outros. No entanto, nós só vemos a metade das coisas, não sabemos que o nosso patio é o maior e a nossa vida é a melhor. Talvez a Bea, se pudesse orar, diria: Deus eu gostaria de ter a liberdade que esses outros cães tem. Mal ela saberia como ora mal, já que a liberdade dos outros cães é a menor que a dela.

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